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Sala de Projeção
Textos

Perdido Veneno

por João Miguel Fernandes Jorge · 23 de Maio, 2020


      Ele esteve ali. Foi o seu lugar. Ou melhor, foi o seu poiso, ave de arribação que caíra em armadilha. Durante meses, anos. Permaneceu ali. Quase sempre sentado, a um canto mais escuro da sala maior; a que fica no exacto meio, entre uma e outra das divisões laterais. A luz é a que vem do átrio. Duas portadas, a um e outro lado abertas. As madeiras das paredes e os gessos dos tectos têm trabalho de marceneiro e estucador. Ele, sentado horas a fio, segue o esmerado bordado desses homens. Levanta-se. Conta os passos de uma a outra das salas laterais. Conta os segundos que leva a percorrê-las. Raramente avança no mais íntimo da casa; e, se o faz, não vai além do varandim das escadas interiores. As mãos prendem com força, por instantes, o corrimão. Tem o mesmo gesto em todas essas vezes: um estremecimento, seguido da fuga para a cadeira ao canto da sala. A simetria da casa vista do varandim amplia-lhe o vão intestino da arquitectura. É uma imagem que lhe dá vertigens, como se a casa em si mesma se afundasse ou derruísse. Prefere manter-se no quase vazio das três salas. Não assim tão vazia. Velhas máquinas de filmar, um projector, lanternas mágicas. Uma espécie de tristeza amável. Restos.
     Ele estava ali. Via-o sempre quando entrava. Suspeito que fosse o único frequentador da livraria e do restaurante, do outro lado do átrio, fronteiros a essa porta sempre aberta, que o ia cumprimentar. Às vezes, somente uma das suas portadas permitia o acesso; e dentro, num semi-escuro, ele encontrava-se no seu posto perdido. Sentado no seu recanto, como uma peça pouco móvel; quase de disposição semelhante às madeiras, aos estuques, à pintura das paredes, irmanado a uma réstea de poeira ou à leve ferrugem da maquinaria fílmica esquecida, entre as salas. Objectos de que, aquando do seu uso, os artífices se serviram ao perseguirem um pássaro nos céus, uma embarcação sobre as águas, ou aqueles que seguiam pelas ruas, à semelhança do sangue a circular nas próprias veias. Artífices que captaram o som de coisas tão banais como a velha mulher que, bem longe de estar curada, tossia de vez em quando sangue para o lenço. Artífices que fizeram do uso da imagem uma espécie de lanterna, de luminosidade tão nítida, só comparável àquela que temos se acaso espreitamos pelo buraco de uma fechadura. Por essa sala, rigorosamente a meio, com uma e outra sala mais pequenas a um e outro lado, ao modo dos pratos de uma balança, passavam, não muitas vezes, os artífices dos filmes de hoje, com o seu sentimento de fraternidade material, que guarda sempre dentro de si o fio condutor de uma grande cena, em que o acto de ver traz a ressonância de uma espiga de cereal acabada de ceifar. Da sua cadeira, vigilante, prisioneiro da semi-obscuridade, ele via-os passar. Nenhuma saudação. Coisa alguma lhe diziam. Ele, ali sentado, não tinha qualquer significado. Eu, que não sou do cinema, talvez por isso mais livre, e que não sei evocar a funcionalidade dos mal encenados objectos daquelas salas, dizia-lhe: «Boa tarde, Senhor Costa.»
     «Ah, é o Senhor.» E levantava-se
     «Deixe-se estar, por favor. Não basta ter de andar de um lado para o outro, entre as salas, a explicar a maquinaria.
     «Oh, quem é que quer saber. Passam e não entram. Ou se entram, é como cão em vinha vindimada. Ontem, sim, tive uma boa manhã, valeu por toda uma semana. Uma jovem suíça, que me fez muitas perguntas. Valeu-me o meu alemão. Foi mesmo um bom encontro. E sabe o que ela me disse, ao despedir-se?
     «Convidou-o para tomarem uma bebida?»
     Também. Agradeci, mas não aceitei. Não tenho casa onde a pudesse depois receber. Foi que, se ele não tivesse morrido, tinha sido como se fosse recebida na Cinemateca de Lisboa, pelo grande mestre, o Rainer. Olhe que foi o que a rapariga me disse. Estava comovida. Deu-me um beijo, e disse-me: ‘Se fosse o Rainer, não seria por certo o beijo que gostaria de receber. Talvez não se importe, pois não é ele, é somente muito, muito parecido. Até a sua camisa tem uma nódoa de comida.’»
     Também sempre identifiquei essa sua semelhança, Senhor Costa. Sempre o achei parecido com Fassbinder.»
     «‘Como se chama’. Perguntou-me ela. Mas apressou-se, com um gesto pôs uma das suas mãos sobre os meus lábios a impedir-me a resposta, e disse: ‘Rainer. Não pode ser outro o nome. O teu nome é Rainer.’ Quando chegou o Senhor Pedro Bénard, para a levar para o gabinete, porque era uma jornalista de Zurique, ela disse-lhe: ‘Mas o Rainer fala tão bem alemão; o melhor é eu ficar a conversar com ele.’ E, sim, ficámos a falar mais de uma hora, sobre O Amor é Mais Frio do Que a Morte.»
     Por muito tempo frequentei assiduamente o primeiro piso da Cinemateca. Primeiro, a ver muitos dos primeiros filmes de Dreyer e dois anos depois o mesmo se passou com as imagens de Bresson. Subia ao primeiro andar para almoçar ou só para tomar um café na esplanada ou ainda para ir à livraria. Cumprimentar o Senhor Costa era raro não o fazer. Para quê insistir neste seu nome, que talvez fosse a sua maior mentira. O nome Costa não passava de um envelope psíquico, forma de camuflar o verdadeiro eu, a sua existência, enquanto Rainer. Lembro-me de lhe ter perguntado, quando andava com os versos para A Palavra: «Rainer, gosta de Dreyer?»
     «Mikaël e Gertrud, sim. Não da Palavra, com o cheiro adocicado da ressurreição. Aqueles irmãos Borgen deviam saber que só se salvam os que não pensam na própria alma; e o Johannes sempre com Kerkegaard ao colo, a embalá-lo, para que no mundo do céu dos filósofos, com medo de Pascal, não desatasse num pranto convulsivo. Não me convence.»
     Perguntei-lhe, tempos depois, o mesmo, acerca de Bresson. Apenas disse: «Só gosto de Bresson e Straub. São como a murta e a hortelã-pimenta, têm um cheiro intenso, como a merda dos cavalos e a das cabras.»
     «Só vais comer isso?» Perguntou-me ao almoço a minha amiga Azevedo. Era uma tarde de chuva e já só os dois estávamos no restaurante. Ela queria falar-me da paginação do livro. Onde entravam os poemas, as fotografias que fizera dos filmes, e os desenhos do Loureiro. Ela já sabia, o que eu ainda não sabia, que o grande desenho do José Loureiro ia ficar na parede da grande escadaria. A extensão daquelas riscas rubras, em crescendo, iriam naquele espaço permanecer. De todas as vezes que voltasse à Cinemateca, e que entrasse para uma das salas de projecção ou que subisse para o restaurante, O Meu Ofício, de Dreyer, agora também título de desenho, ficaria a abrir-se, em esplendor de romã madura, entre dois promontórios – os lances da escadaria, a um e outro lado. «Mas tu só vais comer milho e beterraba? Por causa das cores?»
     «Amarelo desmaiado e roxo beterraba. Era o que o tinham. Não queria fritos.»
     «Podias ter trazido sopa. De grão.»
     «A conversa das coisas inúteis.»
     «Quando passei pelo Costa, sentado no seu banco, disse-me: ‘Dona Azevedo, o seu amigo já passou para o restaurante.’ Falaste com ele?»
     «Ele, mais do que Costa, é Rainer. Hoje não o vi. Ontem, antes de me ir embora, quando subi para ir à livraria, conversámos um pouco. Nunca lhe faço perguntas. Deixo-o apenas falar. Sou um bom ouvinte, se estou cansado. Mas olha que ele não está sentado num banco.
É numa cadeira. Igual a estas, do restaurante.»
     «Era. Ontem trocaram-na por um banco. Um banco alto, para ver melhor à sua volta. E se adormecer, cai.»
     «Perguntei-lhe o que era uma das maquinetas do museu. Explicou-
-me logo o seu funcionamento, por meio de um sistema de espelhos montados em prisma, de forma a criar uma ilusão do movimento ao girar em torno de um eixo. Que volteava sobre si mesmo, num aperto ao cerco das recordações, como acontece com as pessoas. Mas logo me disse que cada vez há menos gente com recordações. Depois, falou de si. Do pouco dinheiro que tinha, pois enviava quase todo para a mãe.
‘A minha casa. Frio no Inverno, e uma parede, só humidade. Escorre a água, se chove. Calor nas noites de Verão. Sacos de roupa. Um tacho com moelas e asas de frango, sobre uma boca de gás. Pontas de cigarros. Casa… Um quarto e retrete. Colchão sobre tábua podre do chão. Sou canhoto. Escrevi na parede do sítio onde me deito com a minha mão direita, para dar a impressão de que outro que não eu, aí deixou, ao modo de grafiti – amo-te’.»
     «E tu acreditaste na descrição desse descarnado modo de vida?»
     «Não. Mas gostei da sua voz delicada, e do modo cortante, como olhava para mim. Adiantou-se, então, ao meu juízo: ‘Acredite no que lhe digo. Não pense que sou um mentiroso.’ E contou-me daquele a que chamava ‘o meu Querelle’. Um que vivia no fio da navalha e, sim, um mentiroso. À luz de uma vela de sebo, contou-me, olha que me contou, Azevedo, que esse seu temeroso amigo, a essa luz, parecia a sombra projectada da torre de um castelo, a rocha escura que brota da terra. Ainda disse, que o filmava dentro do quarto, e que havia de me mostrar a forma como lhe ensinara a tocar nas suas cicatrizes. ‘Tens que pôr o dedo aqui, e aqui depois.’ Que lho dizia com a sua voz rouca; e que tudo estava filmado.»
     «Começa a ser perigoso, não te parece? Essa tua história. Porque tudo isso não passa de uma história – e tua –, ainda fazes de mim Madame Lysianne, num bordel em Brest.»
     «Não em Brest, mas lá em baixo, a São Paulo, na Rua da Boavista. E terás de cantar The Ballad of Reading Gaol.»
     «’Yes each man kills the thing he loves’… Não sei se consigo a voz rouca e perfeita da Jeanne Moreau.»
    Durante dois, três anos, convivi com Rainer. Ouvia-o. De cada vez que o encontrava no seu posto de vigilância, era como se batesse à porta de uma igreja, que por uma desrazão cismática, minha desconhecida, permanecia fechada. O sol ou a chuva, tal como os crentes, esbarravam naquelas tábuas cerradas. Continuava a ouvi-lo. Sei que era esse o seu momentâneo desejo. As suas palavras seguiam numa espécie de aperto entre um punho que lentamente se fechava sobre o cerco das recordações. Um esmagamento, que um olhar de tristeza seguia; e o que recordava era trazido por um vaivém calmíssimo, que na penumbra da sala parecia dizer, «Sou eu. Estou aqui.» Para de repente refluir e em si mesmo se desfazer, como se fosse levado pela água de breve onda. Havia na sua voz o que quer que fosse de «vento e areia», quando de si e de Querelle dizia: «Nós somos dois sjostromianos proscritos. Perdido veneno. Verlorener Gift.»
     «’Gift?’ Não quer dizer ‘presente’? Perguntei-lhe.
     «Em alemão é ‘veneno’. Mas Querelle também tem sido ‘lost gift’.»

Pickpocket

Rui Chafes, Pickpocket, 6 peças em bronze
(Exposição na Cinemateca em Fevereiro 2009 fotografias de Alcínio Gonçalves)

     Por esses dias, ocupava-nos a filmografia de Bresson. Que deu lugar ao livro Pickpocket. Com fotografias de esculturas de Rui Chafes. Obras que estiveram em exposição. Pelo fim da primeira semana, uma das esculturas desapareceu. Alguém a roubou. Acto que acentuava o título da exposição e do livro e, sobretudo, o filme de Robert Bresson, Pickpocket. E quem teria sido o roubador? A escultura de Chafes não foi nunca recuperada. À noite, no estreito quarto de Rainer, estava pousado sobre um tijolo, a mesa-de-cabeceira, um volume de Pickpocket. À noite, era o subtil negrume da noite que estava nesse quarto à distância de um mito: mito de sangue e de lágrimas, e de roubo. Rainer passava uma sobre outra folha. Mexia os lábios, no murmúrio de um verso: «Os dedos desciam / com o fulgor de acendida brasa // dois longos dedos em desafio com o destino trouxeram / a sede do risco». E elevando a voz: «A minha liberdade está acima de tudo». Ao seu lado, Querelle deslizava os sentidos pelas imagens dos filmes de Bresson e pelas imaginadas formas das esculturas afeiçoadas às mãos do escultor. Eram noites percorridas por palavras murmuradas entre o sono e a vigília e por ruídos obscenos. Depois, Querelle ajoelhava-se junto ao catre e invocava a flagelação de Cristo. E os seus santos – Sebastião, Cosme e Damião, Sérgio e São Baco. Assim passam as noites e outras noites sobre as noites. «Rainer, conta-me uma história.»
E Rainer, muito baixinho: «Era uma vez uma pedra de muitas cores.»
     Sobre o livro, sobre o cinzento da capa, o branco sombrio do roubo escrevera Pickpocket. E do punho fechado de uma das mãos de Querelle, afeita à forma da luz negra desse côvado, saiu a escultura roubada. Ferrosa estrela cadente caída sobre o cinza de Pickpocket.
     «Fico algum tempo com a pedra na minha mão, para impregná-la com o meu calor, e vou»
     «Vais lançá-la, longe? Muito longe?»
     «À água»  
     «Do mar?»
     «Não. À água de uma lagoa.»
José Loureiro
José Loureiro, O meu ofício
aguarela (113 x 360 cm)
     Um dia cheguei à Cinemateca. Passei pelo «Meu Ofício», que é o longo desenho do Loureiro. Subi a escadaria pelo lance em que julgo ter sempre o melhor ângulo para o progredir das riscas vermelhas, até quase perder as mais cimeiras – num quase até onde a vista alcança –, em que o vermelho se vai desfazendo em listagens brancas, enubladas, como se as riscas tivessem atingido um cume montanhoso. Entrei na sala entre salas, nem Rainer nem tão pouco a sua humilde versão Senhor Costa, nem o alto banco que já fôra cadeira existiam. Ele não estava ali, onde sempre o encontrara. Reparei então, que a pintura de Noronha da Costa, o «Nosferatu», de Murnau, teria sido por ele contemplada diariamente. Essa mistura de sangue, terra e neve lamacenta fôra a força incansável que o transportara para o que faz morrer. Porque Nosferatu tem a envolvê-lo uma música baixa, insinuante. Toca-nos num braço, e indica-nos um vulto, desdobra-o de si mesmo, que passou ao nosso lado e que segue entre a multidão. Tem os dentes pequenos e bem alinhados. E uma voz – era o tom pausado, quase sopro de Rainer – disse-me: «Não queria sequer olhar a luz que vem das trevas.» E percebi nesse instante o horror sem nome que se fez carne, e o levou do seu castelo evanescente, o canto da sala onde ele esteve meses e anos. 
Nosferatu

Nosferatu, Luís Noronha da Costa

     Um latente estado de cólera. Primeiro, na natureza. Depois, em todos os homens. Por último, Rainer, como se por todos retivesse o respirar, até à explosão. Por esta altura já trazia em si a imagem de um duplo, a figura de Querelle. Capaz, só por si, de engendrar o mecanismo de outros desdobramentos, sobre os quais exercerá sedução, violência, e morte. Em relação a eles, penso em Aquiles e Pátroclo, na sua história. Aquiles tinha numerosas qualidades e um defeito exacerbado, a cólera. Isto é, a fúria, a desesperação, a ira, a ferocidade, a violência, o excesso, o orgulho, a impetuosidade. Graduações de um mesmo alteamento emotivo, que para os gregos se traduz pela húbris. Sob todos os seus aspectos será sempre um estado de paixão violenta. 
     Quando os Troianos começam a incendiar as embarcações dos Aqueus, estes recuam diante do inimigo e estão quase a perder a guerra. Aquiles, sob o domínio da fúria contra Agaménon, recusa-se a combater. É então, que o seu duplo, Pátroclo, seu amigo e seu íntimo, em desespero, suplica a Aquiles, que lhe ceda a sua armadura. Aquiles consente, mas com uma condição: que Pátroclo use a sua aparência somente para que o inimigo recue atemorizado, e pede-lhe que não se envolva no combate. No calor da batalha, guiado pelo entusiasmo de uma vitória que sente próxima, Pátroclo persegue e luta com os Troianos. Heitor percebe que se tratou de um subterfúgio e que sob a celebrada armadura, envoltório invencível, o guerreiro é um usurpador. Heitor persegue-o e Pátroclo morre; e o troiano apodera-se da armadura que sempre desejou. Dilacerado de dor pela morte do amigo, Aquiles decide regressar ao combate. Pede então à sua mãe, Thétis, uma nova armadura, que apenas numa noite Hefaístos fabricou. Aquiles, sob a sua nova protecção [leia-se armadura, ou máscara ou disfarce ou envelope] combateu contra a sua própria aparência, e matou Heitor, vestido com a sua primeira armadura.
     É dentro deste quadro alegórico da Ilíada que vejo Rainer, surgindo-me sob a figura daquele amável funcionário que estava ali, entre salas, quase sempre sentado a um canto da sala do meio, e que acerca de mim talvez a si mesmo perguntasse: «Porque diabo vem este homem todos os dias cumprimentar-me?» Em boa verdade, nem eu saberia dizer-lhe porquê. Sim, ele assemelhava-se a Rainer Werner Fassbinder. E as figuras do seu cinema apareciam-me; eram imagens no centro do tempo, quando esperava no restaurante pela chegada da Azevedo, ou enquanto passava os olhos pelos livros e títulos na livraria; as suas personagens vinham então ter comigo, desajustadas do fio fílmico a que pertenciam. Sabia os seus nomes, acção, temores e vigílias, as fragilidades das suas constituições psíquicas. A complexidade da luz e sombra que irradiavam. Eu via tudo isso; e isso era pouco, era coisa dissociada. Até que, numa tarde de chuva, a voz de Jeanne Moreau: «Vous êtes en colère contre moi et vous ne parvenez pas à me le dire». Era isso, o filme, a sua acção, o cinema: paixão violenta, onde nem sempre é fácil reconhecer nem sentimento nem razão, porque tudo se resume à húbris da imagem – à pulsão e ao objecto da pulsão: ao objecto que é a pele da pulsão.
     Ele esteve ali. Era onde eu o via. Um quase rei, com boca muito aberta e espanto. Por vezes, uma cabeça decapitada rolava aos seus pés. Arte, uma espécie de catedral submersa, triste, lenta, à espera de um bando de marinheiros com cabelos de linho.


João Miguel Fernandes Jorge 
Maio de 2020

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